terça-feira, 7 de julho de 2020

História- Prof Amauri



Etapa 1 

Um dos desafios enfrentados pelos professores de História é demonstrar que a História não é apenas uma lista de nomes, datas e conceitos teóricos, mas que ela se refere a pessoas que viveram no passado em ambientes reais, cercados por cores, cheiros, ruídos etc. No esforço de demonstrar isso ou, pelo menos, de se aproximar disso, estou propondo a possibilidade de desenvolver tanto a capacidade de observação e a atenção aos detalhes quanto a habilidade de descrever com eficácia um ambiente. A importância da ambientação é compreendida por muitos alunos em outros contextos fora da escola, como pelos jogos eletrônicos, que buscam, cada vez mais, criar ambientes realistas com recursos de animação, 3D etc. Evidentemente, não se pode viajar no tempo, mas é possível ter experiências que permitam vislumbrar uma reconstituição mental de um momento histórico. Trouxe o estudo do Engenho São Jorge dos Erasmos, cujas ruínas estão localizadas em São Vicente, município do litoral paulista e local onde foi fundada a primeira capitania durante a colonização portuguesa nas terras que hoje formam o Brasil. 
No começo da colonização, para alguém montar um engenho, precisaria ter dinheiro e escravos. O dinheiro que financiou a construção dos primeiros empreendimentos no Brasil foi obtido por meio de empréstimos de banqueiros holandeses, italianos e portugueses. A mão de obra era, em sua maior parte, formada por pessoas africanas escravizadas e seus descendentes.
Inicialmente, os senhores de engenho escravizaram os indígenas; pouco tempo depois, passaram a usar africanos escravizados. O tráfico de escravos africanos era lucrativo tanto para os traficantes quanto para o rei de Portugal, que cobrava impostos sobre esse comércio. Vale lembrar que, embora os escravizados de origem africana tenham substituído os indígenas na maioria das capitanias da América portuguesa, a escravização de indígenas continuou a ser praticada em algumas regiões, como na capitania de São Vicente 1. 
Observe as informações a seguir:

Ofício  
O que fazia o trabalhador  
Feitor-mor  
administrava o engenho  
Mestre de açúcar  
controlava o trabalho de beneficiamento do açúcar  
Banqueiro  
substituía o mestre de açúcar no período noturno  
Purgador  
trabalhava na purificação do açúcar  
Caldeireiro  
trabalhava nas caldeiras  
Oficial de açúcar  
auxiliava o mestre de açúcar  
Feitor de campo  
vigiava e castigava os escravos  
Ourives  
fazia objetos de ouro e prata  
Ferreiro  
produzia objetos de ferro  
Carpinteiro  
construía e consertava objetos de madeira  
Sapateiro  
confeccionava e consertava calçados  
Oleiro  
fabricava louças e outros materiais de barro  
Pedreiro  
construía e reformava moradias  
Alfaiate  
confeccionava e consertava roupas  
Pescador  
era responsável pela pesca, especialmente nos dias santos, em que não se comia carne  
Fonte: SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos, engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 261-279.  
Esses trabalhos eram realizados por africanos escravizados e seus descendentes, bem como por trabalhadores livres assalariados, que eram minoria entre a população colonial. Isso significa que, para o funcionamento da produção e para que a economia e a sociedade funcionassem, era essencial o trabalho das pessoas escravizadas. Nos engenhos, os que trabalhavam carpindo, plantando, colhendo e pescando eram chamados escravos de campo e constituíam 80% dos escravizados. Aqueles que trabalhavam diretamente no fabrico do açúcar chegavam a 10% do total. Os escravizados domésticos (trabalhadores da cozinha, faxina, arrumação etc.) e os artesãos (oleiro, carpinteiro, ferreiro etc.), juntos, compunham os outros 10%. 




Se não conseguir ver o vídeo observe a imagem:

Escreva um texto de até 10 linhas, se imaginando no papel do narrador ou quem vê o cenário e os objetos ao redor. Pensem nas variações do terreno, aos detalhes das construções, da vegetação ao redor, às pessoas e aos animais que circulariam por aquele espaço. Se concentrem também na interação entre as pessoas e nas interações entre elas e o espaço. Vale lembrar que a forma como alguém vê determinado cenário (no caso, o engenho) pode ser influenciada pelo seu estado de ânimo. Por exemplo, o filho pequeno de um senhor que estivesse correndo pelo engenho poderia achar maravilhoso que o dia estivesse ensolarado e enxergasse espaços para brincar, correr e se esconder, enquanto o mesmo dia ensolarado poderia significar um calor insuportável para as pessoas escravizadas que estavam trabalhando. 

Etapa 2 

Um desenho arqueológico trata-se de um desenho de caráter técnico que é usado como registro visual de achados arqueológicos. Nem sempre, por diversas razões, é possível fazer um registro fotográfico de um achado arqueológico, e certas informações não podem ser obtidas apenas por meio da fotografia. No entanto, sempre são feitos desenhos arqueológicos durante as pesquisas de campo. O desenho arqueológico é feito dentro de determinadas convenções, pois é usado tanto para fins de registro quanto de classificação e catalogação. Os desenhos arqueológicos costumam ser classificados em desenho de materiais e desenho de campo, cada um atendendo a determinadas convenções. O primeiro é um registro visual de determinado objeto e deve fornecer informações relacionadas à forma e às dimensões do objeto, suas secções, o material do qual é feito (por exemplo, se trata de uma cerâmica ou de um objeto de metal); e o segundo é usado para compreender os níveis estratigráficos e as estruturas em um sítio arqueológico. O desenho de campo nos permite fazer, por exemplo, reconstituições de estruturas arquitetônicas que se encontram em ruínas e é feito por meio de plantas e perfis estratigráficos.
 




VladisChern/Shutterstock.com                                                                                                          
Desenho arqueológico de ruínas de templo na Grécia.   
Atividade: Com base nos conceitos de desenho arqueológico, de materiais e de campo, faça em uma folha separada um desenho arqueológico com base em fotografias e vídeos do Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos. 

Etapa 3 

Para finalizar, responda no caderno: 


1.      De que maneira os senhores conseguiram o capital inicial para construir os primeiros    engenhos na América portuguesa?
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2.      A escravização dos africanos e o uso do seu trabalho nos engenhos de açúcar se disseminaram pela colônia portuguesa na América, praticamente substituindo a escravização dos indígenas. Aponte um lugar do país onde continuou ocorrendo a escravização indígena. 
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Atenção!
Caro aluno (a), deixe todas atividades registradas em folhas separadas do caderno, na escola até o prazo estabelecido. Caso possua tecnologia, tire fotos e me envie via WhatsApp ou Classroom.
Se cuida!

Referências 
CAMPO ARQUEOLÓGICO DE MÉRTOLA. Desenho de campo. Disponível em: <http://www.camertola.pt/gabinetes/desenho>. Acesso em: 13 out. 21018. Informações sobre desenho de campo, um dos tipos de registro visual feitos em sítios arqueológicos. 
                COSTA,                   Sílvia.                   Desenho                   arqueológico.                  Disponível                    em:
<http://silviacostadesenhoarqueologico.blogspot.com/2010/08/desenho-de-estruturascampo.html>.
Acesso em: 13 out. 2018. Blog da desenhista Sílvia Costa, com desenhos arqueológicos. 
MONUMENTO NACIONAL RUÍNAS ENGENHO SÃO JORGE DOS ERASMOS. Disponível em: <http://www.engenho.prceu.usp.br/projetos/>. Acesso em: 11 out. 2018. Site oficial do Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos.  
PROJETO de restauro e adaptação do Monumento Nacional Ruínas Engenho São  Jorge dos Erasmos, 12 jul. 2015. Duração: 12min56s. Disponível em: <https://youtu.be/OgtCgw8EU9c>. Acesso em: 13 out. 2018. Vídeo sobre o Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos. 

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