Etapa 1
Um dos desafios enfrentados pelos
professores de História é demonstrar que a História não é apenas uma lista de
nomes, datas e conceitos teóricos, mas que ela se refere a pessoas que viveram
no passado em ambientes reais, cercados por cores, cheiros, ruídos etc. No
esforço de demonstrar isso ou, pelo menos, de se aproximar disso, estou
propondo a possibilidade de desenvolver tanto a capacidade de observação e a
atenção aos detalhes quanto a habilidade de descrever com eficácia um ambiente.
A importância da ambientação é compreendida por muitos alunos em outros
contextos fora da escola, como pelos jogos eletrônicos, que buscam, cada vez
mais, criar ambientes realistas com recursos de animação, 3D etc.
Evidentemente, não se pode viajar no tempo, mas é possível ter experiências que
permitam vislumbrar uma reconstituição mental de um momento histórico. Trouxe o
estudo do Engenho São Jorge dos Erasmos, cujas ruínas estão localizadas em São
Vicente, município do litoral paulista e local onde foi fundada a primeira capitania
durante a colonização portuguesa nas terras que hoje formam o Brasil.
No começo da colonização, para
alguém montar um engenho, precisaria ter dinheiro e escravos. O dinheiro que
financiou a construção dos primeiros empreendimentos no Brasil foi obtido por
meio de empréstimos de banqueiros holandeses, italianos e portugueses. A mão de
obra era, em sua maior parte, formada por pessoas africanas escravizadas e seus
descendentes.
Inicialmente, os senhores de engenho escravizaram os
indígenas; pouco tempo depois, passaram a usar africanos escravizados. O
tráfico de escravos africanos era lucrativo tanto para os traficantes quanto
para o rei de Portugal, que cobrava impostos sobre esse comércio. Vale lembrar
que, embora os escravizados de origem africana tenham substituído os indígenas
na maioria das capitanias da América portuguesa, a escravização de indígenas
continuou a ser praticada em algumas regiões, como na capitania de São Vicente
1.
Observe as informações a seguir:
Ofício
|
O que fazia o trabalhador
|
Feitor-mor
|
administrava o engenho
|
Mestre de açúcar
|
controlava o trabalho de
beneficiamento do açúcar
|
Banqueiro
|
substituía o mestre de
açúcar no período noturno
|
Purgador
|
trabalhava na purificação
do açúcar
|
Caldeireiro
|
trabalhava nas caldeiras
|
Oficial de açúcar
|
auxiliava o mestre de
açúcar
|
Feitor de campo
|
vigiava e castigava os
escravos
|
Ourives
|
fazia objetos de ouro e
prata
|
Ferreiro
|
produzia objetos de ferro
|
Carpinteiro
|
construía e consertava
objetos de madeira
|
Sapateiro
|
confeccionava e consertava
calçados
|
Oleiro
|
fabricava louças e outros
materiais de barro
|
Pedreiro
|
construía e reformava
moradias
|
Alfaiate
|
confeccionava e consertava
roupas
|
Pescador
|
era responsável pela pesca, especialmente nos dias santos,
em que não se comia carne
|
Fonte: SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos, engenhos e
escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p.
261-279.
Esses trabalhos eram realizados
por africanos escravizados e seus descendentes, bem como por trabalhadores
livres assalariados, que eram minoria entre a população colonial. Isso
significa que, para o funcionamento da produção e para que a economia e a
sociedade funcionassem, era essencial o trabalho das pessoas escravizadas. Nos
engenhos, os que trabalhavam carpindo, plantando, colhendo e pescando eram
chamados escravos de campo e constituíam 80% dos escravizados. Aqueles que
trabalhavam diretamente no fabrico do açúcar chegavam a 10% do total. Os
escravizados domésticos (trabalhadores da cozinha, faxina, arrumação etc.) e os
artesãos (oleiro, carpinteiro, ferreiro etc.), juntos, compunham os outros
10%.
Escreva um texto de até 10 linhas, se imaginando no papel do narrador ou quem vê o cenário e os objetos ao redor. Pensem nas variações do terreno, aos detalhes das construções, da vegetação ao redor, às pessoas e aos animais que circulariam por aquele espaço. Se concentrem também na interação entre as pessoas e nas interações entre elas e o espaço. Vale lembrar que a forma como alguém vê determinado cenário (no caso, o engenho) pode ser influenciada pelo seu estado de ânimo. Por exemplo, o filho pequeno de um senhor que estivesse correndo pelo engenho poderia achar maravilhoso que o dia estivesse ensolarado e enxergasse espaços para brincar, correr e se esconder, enquanto o mesmo dia ensolarado poderia significar um calor insuportável para as pessoas escravizadas que estavam trabalhando.
Etapa 2
Um desenho arqueológico trata-se de um desenho
de caráter técnico que é usado como registro visual de achados arqueológicos.
Nem sempre, por diversas razões, é possível fazer um registro fotográfico de um
achado arqueológico, e certas informações não podem ser obtidas apenas por meio
da fotografia. No entanto, sempre são feitos desenhos arqueológicos durante as
pesquisas de campo. O desenho arqueológico é feito dentro de determinadas
convenções, pois é usado tanto para fins de registro quanto de classificação e
catalogação. Os desenhos arqueológicos costumam ser classificados em desenho de
materiais e desenho de campo, cada um atendendo a determinadas convenções. O
primeiro é um registro
visual de determinado objeto e deve fornecer informações relacionadas à forma e
às dimensões do objeto, suas secções, o material do qual é feito (por exemplo,
se trata de uma cerâmica ou de um objeto de metal); e o segundo é usado para
compreender os níveis estratigráficos e as estruturas em um sítio arqueológico.
O desenho de campo nos permite fazer, por exemplo, reconstituições de
estruturas arquitetônicas que se encontram em ruínas e é feito por meio de
plantas e perfis estratigráficos.
VladisChern/Shutterstock.com
Desenho arqueológico de ruínas de templo na Grécia.
Atividade: Com base nos
conceitos de desenho arqueológico, de materiais e de campo, faça em uma folha
separada um desenho arqueológico com base em fotografias e vídeos do Monumento
Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos.
Etapa 3
Para finalizar, responda no caderno:
1.
De que maneira os senhores conseguiram o capital
inicial para construir os primeiros
engenhos na América portuguesa?
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__________________________________________________________________________
2.
A escravização dos africanos e o uso do seu
trabalho nos engenhos de açúcar se disseminaram pela colônia portuguesa na
América, praticamente substituindo a escravização dos indígenas. Aponte um
lugar do país onde continuou ocorrendo a escravização indígena.
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________________________________________________________________________________
Atenção!
Caro aluno (a), deixe todas atividades registradas em
folhas separadas do caderno, na escola até o prazo estabelecido. Caso possua
tecnologia, tire fotos e me envie via WhatsApp ou Classroom.
Se
cuida!
Referências
CAMPO ARQUEOLÓGICO DE MÉRTOLA. Desenho de campo.
Disponível em: <http://www.camertola.pt/gabinetes/desenho>. Acesso em: 13
out. 21018. Informações sobre desenho de campo, um dos tipos de registro visual
feitos em sítios arqueológicos.
COSTA, Sílvia.
Desenho arqueológico. Disponível em:
<http://silviacostadesenhoarqueologico.blogspot.com/2010/08/desenho-de-estruturascampo.html>.
Acesso em: 13 out. 2018. Blog da desenhista Sílvia Costa, com desenhos
arqueológicos.
MONUMENTO NACIONAL RUÍNAS ENGENHO SÃO JORGE DOS
ERASMOS. Disponível em: <http://www.engenho.prceu.usp.br/projetos/>.
Acesso em: 11 out. 2018. Site oficial do Monumento Nacional Ruínas Engenho São
Jorge dos Erasmos.
PROJETO de restauro e adaptação do
Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos, 12 jul. 2015. Duração: 12min56s.
Disponível em: <https://youtu.be/OgtCgw8EU9c>. Acesso em: 13 out. 2018.
Vídeo sobre o Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos.
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